Quando você pensa em realizar um implante ou qualquer cirurgia plástica, o primeiro profissional que vem à mente é um cirurgião plástico ou uma cirurgiã plástica? A segunda opção pode até ser menos falada, mas existe na medicina.

Se o histórico da mulher na sociedade contemporânea é de luta, na área da saúde não seria diferente. A inserção da mulher na medicina aconteceu aos poucos, enfrentando inúmeros preconceitos e, às vezes, falta de apoio dentro da própria família, séculos atrás.

Atualmente, a participação das mulheres tem sido cada vez mais frequente na medicina, somando mais de 50% em médicos entre 29 a 34 anos de idade, segundo o estudo Demografia Médica no Brasil, realizado pela USP – Universidade de São Paulo. Mas mesmo com esta conquista, ainda ouvimos falar pouco em cirurgiãs plásticas, afinal por qual motivo isso acontece? Confira na nossa postagem de hoje.

Caminhando em passos lentos

Nem sempre a medicina foi uma profissão de prestígio para as mulheres. Por muito tempo, elas foram vistas como pessoas de segunda classe e que não podiam ingressar em faculdades e serviços públicos. Só no fim do século XIX que conquistaram estes mesmos direitos, época em que também surgiu a cirurgia moderna.

Se elas trabalhavam na medicina antes disso? Muitas delas sim, e com cirurgias inclusive, mas no anonimato e protegidas por parentes masculinos, já que não eram aceitas em cursos oficiais e podiam até ser ameaçadas de morte por trabalhar nesta área.

De lá para cá, as mulheres passaram a conquistar espaço em diversas especialidades na medicina, mas só a partir da década de 70 que passaram a ter mais notoriedade na profissão e a buscar especialidades diversas.

Segundo dados do estudo Demografia Médica no Brasil, realizado pela USP- Universidade de São Paulo, a atuação das mulheres na cirurgia plástica totaliza em média 20% para quase 80% de profissionais masculinos. A pesquisa foi realizada focando número de especialistas no Brasil por 100 mil habitantes de cada região, compreendendo dados individuais e secundários de 27 Conselhos Regionais de Medicina.

Mas por quais motivos isso ainda acontece?

Se a mulher já soma mais de 50% na medicina, por qual motivo ouvimos falar tão pouco de cirurgiãs plásticas?

Segundo artigo publicado na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, os motivos podem ser diversos e até mesmo pessoais, mas algumas questões sociais podem influenciar o número ainda pequeno de cirurgiãs na medicina, como:

• Educação familiar da mulher.
• Insegurança intelectual, muitas vezes derivada também do ambiente familiar.
• Insegurança em habilidades manuais (como destreza, importante para uma cirurgiã).
• Chantagens, assédios e brincadeiras de mau gosto por parte de colegas, funcionários e pacientes, ainda presentes.
• Poucos exemplos de sucesso de mulheres cirurgiãs.
• Ausência de suporte institucional às médicas que são mães.

Ainda segundo o artigo, o crescimento da mulher na cirurgia plástica pode estar vinculado ao imaginário equivocado por parte de estudantes de medicina e residentes de que a plástica e a estética são procedimentos de “menor gravidade”, fatores que demonstram o quanto a mulher ainda precisa conquistar espaço em determinadas especialidades e continuar quebrando tabus dentro da medicina, que tendem a ser cada vez menores nos próximos anos. Ainda que a cirurgia plástica seja uma das especialidades cirúrgicas com maior percentual de mulheres atualmente, existe bastante espaço para o crescimento da presença feminina nessa especialidade.

Entretanto, cabe ressaltar que o gênero não define uma maior ou menor competência do médico, então a escolha por um cirurgião plástico ou cirurgiã plástica deve ser pautada pelas boas referências e formação do profissional em questão, restando a escolha de gênero como uma preferência pessoal da paciente, e não uma escolha técnica nesse quesito.

Nossa postagem foi útil para você? Então, siga a Motiva nas redes sociais!

Fontes: USP / Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe uma resposta